Contagem regressiva para a décima edição do Salipi

10ª Edição do Salipi

Já começou a contagem regressiva para a décima edição do Salão do Livro do Piauí (Salipi) e 15º Seminário Língua Viva, que acontecem de 10 a 17 de junho. Este ano, o grande homenageado será o teatrólogo piauiense Francisco Pereira da Silva, e serão lembrados ainda o centenário de nascimento do cantor Luiz Gonzaga, do dramaturgo Nelson Rodrigues e do escritor Jorge Amado.

” O homenageado desta edição colocou o Piauí no circuito nacional. Revelar quem é Francisco Pereira da Silva para o Piauí é para nós gratificante “, explica Kássio Gomes, atual presidente da Fundação Quixote.

Reunindo livreiros, educadores, alunos e a comunidade em geral, o evento já entrou para o calendário cultural do país. Na programação estarão incluídas palestras, exibições, exposições e apresentações artísticas.

Além de manter o caráter internacional, o evento será realizado novamente no centro da cidade ocupando todo o complexo, que compreende a Praça Pedro II, Theatro 4 de Setembro e Clube dos Diários.

Entre os autores confirmados estão os piauienses Adriano Lobão, Antônio Noronha, Bárbara Olímpio, Cineas Santos, Graça Targino, Paulo José Cunha, Arimatan Martins. Os palestrantes nacionais são Ignácio de Loyola Brandão, Cristovão Tezza, José Castello, Sônia Rodrigues, José de Nicola, Marcelino Freire e Sérgio Sant’Anna. As palestrantes internacionais são a angolana Isabel Ferreira, a cubana Roxana Pineda e a portuguesa Ana Luisa Amaral.

Biografia do patrono do 10º SALIPI

FRANCISCO PEREIRA DA SILVA (Chico Pereira, o Chico) – contista, cronista, crítico teatral, nasceu no dia 11 de agosto de 1918, na cidade de Campo Maior-PI. Era filho de Isaías Pereira e Antônia Marques. Passou a infância e parte da juventude em sua cidade. Viu, sentiu e conviveu com as mudanças de tempo dos vastos campos de Campo Maior, que, por esse tempo, não passava de uma imensa paisagem de carnaubais.

As lembranças de estórias de vaqueiros, cordelistas, retirantes, tropeiros, homens simples e rudes; senhores proprietários de terra, estórias de humanos que marcaram vidas e nunca saíram da memória do jovem.

Lembranças de fatos, eventos e outras estórias vividas por próprio autor iriam se representar tempos depois nos enredos de suas peças. Fez o primário em sua cidade. Mudou-se para Teresina e fez o ginásio no Liceu Piauiense de tantos nomes famosos que por ele passaram: poetas, políticos, ficcionistas, agitadores culturais e, agora, era a vez do teatro.

Depois, mudou-se para São Luís do Maranhão onde iniciou seus estudos clássicos. Pelo início da década de 1940, o futuro dramaturgo tomou o rumo do Rio de Janeiro e terminou o Clássico no famoso Colégio Pedro II. Estudou até o terceiro ano na Faculdade Nacional de Direito. Foi com Paschoal Carlos Magno, o criador do Teatro do Estudante do Brasil (Teatro Duse), que o nosso teatrólogo ganhou divulgação como novo talento no Jornal Correio da Manhã do Rio de Janeiro. Fez o Curso de Biblioteconomia e foi nomeado para o cargo de bibliotecário na Biblioteca Nacional onde permaneceu por longos 38 anos.

Chico Pereira foi presença constante, como crítico e cronista, nas colunas do jornal Diário Carioca. Um dos seus textos consta da seleção Antologia de Contos Brasileiros, organizada pelo exigente ficcionista alagoano Graciliano Ramos. O tempo passou e o nosso dramaturgo e crítico teatral deixou de escrever depois de um certo tempo; dedicou-se ao serviço público até aposentar-se. A sua coluna no jornal Diário Carioca foi passada, por indicação dele, ao jornalista Paulo Francis. Aos poucos assimilou as adversidades e os golpes de seu ofício.

Um dos últimos desejos era o sonho de criar em Teresina um Teatro Popular Navegante, um teatro aquático (um espaço sobre as águas), ou seja, o Projeto Rio Poty – Um Teatro Popular Navegante – que chegou a ser escrito, mas não saiu da prancheta. Em 1974, escreveu as biografias históricas de Castro Alves, Santos Dumont e Villa-Lobos, publicadas pela Editora Três. A partir de 1978, o ator Tarcísio Prado inicia a tarefa de divulgar a obra do dramaturgo no seu estado natal.

Em 1980, aposentou-se no Serviço Público Federal. Em 1985, o autor foi homenageado por Tarcísio Prado com a realização da “Semana Chico Pereira” e seminários, palestras, cursos e montagem de dois episódios de Raimunda!. Chico Pereira foi um homem tímido, arredio, mancava discretamente, avesso às homenagens. Conhecedor dos prodígios da natureza que viveu o sosismo no prazer da soledade. Humanista, doce e modesto, morreu silenciosamente esquecido da maioria de seus amigos e de sua gente do Piauí, em seu apartamento na Avenida Ataulfo de Paiva, no Leblon, Rio de Janeiro, no dia 8 de abril de 1985.